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Do artesanato ao turismo comunitário: conheça Várzea Queimada

Um lugar de beleza singular e vegetação diversificada, Várzea Queimada fica cercada por formações rochosas o que dá espaço a uma paisagem exuberante. A comunidade fica a 27 km do município de Jaicós, no estado do Piauí, e possui cerca de 900 habitantes.

De longe, já se percebe a maior riqueza do povoado, uma plantação de carnaúbas. Em fevereiro de 2011 surgiu a Associação de Mulheres da Várzea Queimada, quando a atual presidente da associação Silvana Barbosa se reuniu com 22 mulheres. Atualmente a entidade conta com 30 artesãs. A pequena Várzea Queimada ficou conhecida nacionalmente e internacionalmente justo pela produção artesanal com a palha da carnaúba, através da implantação do projeto A Gente Transforma desenvolvido pelo designer Marcelo Rosenbaum no ano de 2012.

De acordo com a administradora da associação, Marcilene Barbosa o projeto A Gente Transforma veio para  aperfeiçoar as peças já produzidas pelas artesãs.

A partir dessa atividade a produção ganhou novos designers, mas sem perder a essência do que já era feito antes, como conta Marcilene Barbosa. “Sempre que eles vem, fazem uma pesquisa de campo na comunidade e pegam o que já existe e dão um toque para modificar alguma coisa”, declarou.

Produção e produtos comercializados

O artesanato é produzido em um local chamado de Toca das Possibilidades logo na chegada a arquitetura da construção já chama atenção. Na parte da frente, há uma cúpula feita de tijolos que embeleza a fachada da Toca.

Na entrada, assim como em vários outros pontos, há alguns lustres e outros objetos feitos de palha de carnaúba que dão identidade ao local.Em toda a Toca há objetos produzidos pelas mulheres artesãs. Lá encontramos também uma pequena loja com variedade de produtos desde assessórios a utensílios de cozinha.

As peças variam entre R$ 2,00 a R$ 1.000,00 todas elas possuem valor cultural como ressalta a presidente da Associação das Mulheres de Várzea Queimada, Silvana Barbosa. “Várzea Queimada é um local de experiências de vida, de um povo que luta para levar a sua história, quando você compra alguma peça fabricada por nós, você não leva apenas o objeto, mas vivencia a nossa tradição, a nossa história e a nossa luta” destacou.

Está explicado o sucesso que as peças fazem em territórios nacionais e internacionais. É mais que artesanato, é uma produção repassada de geração em geração como explica Silvana. “Fomos criadas desde cedo nesse meio aprendemos a fazer tranças a qual era a única renda da comunidade, renda de nossos pais e avós”, pontuou.

Turismo comunitário e preservação da cultura

O turismo foi acontecendo a partir do momento que a comunidade foi destaque nacional pelo desenvolvimento do artesanato. Segundo Marcilene Barbosa, foi a cultura e a tradição do artesanato e a própria história da comunidade que atraiu os visitantes.

A comunidade de Várzea Queimada é uma das localidades mais empenhadas na preservação da cultura local. Marcilene destaca que todos os anos há várias manifestações culturais.“Temos a festa do vaqueiro, que é a maior festa da cidade temos o resgate do landê, temos o são Gonçalo, o artesanato”, conta Marcilene.

Esses eventos culturais não se perderam com o tempo, eles contam muito sobre as tradições da comunidade e do sertão. Práticas repassadas de geração em geração que até hoje fazem parte da vida dos moradores de Várzea Queimada.

Os desafios a serem enfrentados

Logo quando entramos em várzea queimada, presenciamos um carro pipa chegando para fazer o abastecimento de água. Perguntamos para uma de nossas entrevistadas, a Silvana Barbosa, se aquela cena se repetia sempre. Ela nos contou que sim. Mesmo estando perto da barragem de Patos, Várzea, assim como outras comunidades do sertão piauiense, ainda é abastecida por caminhão pipa.

Outro problema relatado pelas entrevistadas se deve ao fato de não serem donas do local em que são produzidas as peças, pois o espaço pertence ao município. De acordo com Silvana, o maior desejo das mulheres artesãs é a compra de um veículo apropriado para transportar os objetos.

Em frente a esses obstáculos, o artesanato em Várzea Queimada resiste de geração em geração e hoje desperta olhares de pessoas de todos os lugares, interessadas em conhecer e até se apropriar da cultura do artesanato.

Por: Tainara Sousa e Aparecida Mota / Vem ver o semiárido

Faculdade R. Sá

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