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Após denúncia de vereadores, prefeito de Dom Expedito Lopes será julgado no TCE-PI por irregularidade em contratos

Prefeito Valmir Araújo contratou um escritório de contabilidade para realizar balancetes, no entanto, o serviço seria realizado por um escritório de propriedade do prefeito

Acontece na próxima quarta-feira (26/08) o julgamento do prefeito de Dom Expedito Lopes, Valmir Barbosa de Araújo, durante a sessão ordinária virtual da Segunda Câmara do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI). a partir das 9h. O gestor é acusado de praticar irregularidades em contratações realizadas pelo município no ano de 2018. A representação foi realizada pelo presidente da Câmara de Vereadores daquela cidade, Francisco de Assis Marcolino Dantas, com mais quatro vereadores.

Na denúncia, De Assis, como é conhecido o presidente da Câmara daquela Casa Legislativa, afirma que o prefeito Valmir Araújo contratou um escritório de contabilidade para realizar balancetes, no entanto, o serviço seria realizado por um escritório de propriedade do prefeito. O presidente relatou também indícios de irregularidades na contratação de uma empresa de gestão pessoal.

Prefeito Valmir Araújo Foto: Cidades em Foco

ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE

Segundo os relatos do presidente da Câmara que constam na representação entregue ao TCE-PI, a Prefeitura de Dom Expedito Lopes contratou formalmente o escritório Nobre Assessoria Contábil, pertencente a Marconio Nobre Araújo, para realizar os serviços contábeis da prefeitura.

Contudo, na prática, os serviços seriam realizados pela ASCONTA, empresa contábil do prefeito da cidade. De Assis questiona a finalidade da empresa de contabilidade contratada pela Prefeitura, uma vez que a mesma foi criada em 11 de janeiro de 2017, poucos dias após o prefeito Valmir Araújo tomar assumir a gestão daquela cidade.

Outro fator questionado pelo vereador diz respeito ao funcionário responsável pelo envio da documentação contábil da Prefeitura para o escritório. Segundo De Assis, um ex-funcionário da ASCONTA, hoje contratado pela Prefeitura Municipal, John Lennon dos Santos Moura, é quem faz esse controle utilizando os programas instalados no escritório da ASCONTA.

Após a formalização da representação, a Diretoria de Fiscalização da Administração Municipal (DFAM), setor vinculado do TCE-PI, divulgou parecer técnico com a defesa apresentada pela Prefeitura de Dom Expedito.

Segundo o relatório de contraditório, “o fato de Marconio ser ex-funcionário do escritório de contabilidade ASCONTA de propriedade do prefeito e que ele constituiu uma empresa que seria contratada pela Prefeitura com menos de 60 dias do seu desligamento relevam violação aos princípios que regem a Administração Pública, pois inviabiliza à competição e impede a obtenção de uma proposta mais vantajosa à Administração Pública”. 

SERVIÇOS DE GESTÃO DE PESSOAL

Na representação, o vereador aponta ainda provas do que seria outra irregularidade praticada pelo prefeito: a contratação de uma empresa para prestar serviços de gestão de pessoal. Isso porque, segundo De Assis, há inexigibilidade de licitação com a empresa ganhadora, que foi a Eliane dos Santos Moura (J E Assessoria).

“A proprietária é irmã do Sr. John Lennon Dos Santos Moura, inclusive constando na inscrição do CNPJ o endereço eletrônico deste, e que a empresa foi constituída exclusivamente para contratação com o município de Dom Expedito Lopes”, diz trecho da representação apresentação ao TCE-PI.

Já sobre a J E Assessoria, o relatório da DFAM afirmou que toda a documentação de regularidade fiscal junto à Fazenda Federal, Estadual e Municipal, de inexistência de débitos inadimplidos perante a Justiça do Trabalho e perante a Seguridade Social, de alvará de funcionamento, dentro outros documentos, todos eles apresentam data de emissão que variam entre 13 e 19 de setembro de 2018.

“Ou seja, datas posteriores à assinatura do contrato, o que nos permite inferir, pelas incongruências temporais, que o processo administrativo apenas formalizou a situação preexistente de escolha de um dado prestador de serviços para a realização de atividades de gestão de folha de pagamento e é possível afirmar que houve favorecimento da empresa contratada diretamente”, diz trecho de decisão. 

CONTRATOS DEVEM SER SUSPENSOS

Diante do exposto no relatório da DFAM, o Ministério Público de Contas opinou pela aplicação de multa no valor de 5.000 UFR (algo em torno de R$ 17.650, segundo a atualização do UFR de 2020 no Piauí). Além disso, opinou ao Tribunal de Contas para que o gestor substitua a empresa de contabilidade Marconio Nobre Araújo, no prazo máximo de 60 dias, por ter sido contratada irregularmente. Bem como a anulação do contrato de gestão de pessoal firmado com a empresa J E Assessoria e a contratação de pessoal através de concurso público.

O julgamento dessa representação será realizado a partir das 9h desta quarta-feira (26/08).

O QUE DIZ O PREFEITO DE DOM EXPEDITO

OitoMeia entrou em contato com a Prefeitura de Dom Expedito através do número (89) 3444-1106, mas até o fechamento desta matéria não conseguiu contatar o prefeito da cidade.

A defesa do município alegou, segundo consta no relatório do DFAM, que a contratação dos serviços contábeis de Marconio se deu porque “o prefeito, ciente da importância dos serviços de contabilidade de uma Prefeitura e das dificuldades que o município apresentava, provindas de gestões anteriores, procurou o melhor profissional que se encaixasse na prestação desses serviços, aliando experiência e confiança”.

Já sobre a contratação de serviços de gestão de pessoal, a defesa da prefeitura informou que o secretário de Administração do município sugeriu a contratação da empresa J E Assessoria, após receber carta proposta, enviada, inclusive, pra vários municípios.

A reportagem fica à disposição dos citados caso queiram apresentam esclarecimentos sobre os fatos narrados acima. Para isso, estamos disponíveis através do e-mail redacao@oitomeia.com.br e no número 86 981195253.

FONTE: Oito Meia

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