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Empresa se recusa a registrar casamento entre lésbicas no PI; em apoio, casal ganhou ensaios, buffet e alianças

Procurada pelo G1, a empresa que recusou o trabalho informou que não vai se pronunciar sobre o caso no momento. Perfis da empresa nas redes sociais foram desativados.

As noivas Cindy e Ludmilla viram uma corrente de apoio se formar em torno delas depois que tiveram recusado o pedido para o registro de casamento das duas, por serem um casal homoafetivo. A empresa procurada pelo casal se recusou a fazer o registro da festa e, com a repercussão, elas ganharam o apoio de empresas e profissionais que ofereceram ensaios fotográficos, buffet e até as alianças.

Cindy Andrade e Ludmila Chaves se conheceram na escola onde estudavam e namoram há 10 anos. As duas estavam começando a organização para a união, prevista para o fim de novembro de 2021, e faziam pesquisas de orçamento com diversas empresas, quando buscaram alguém que pudesse fazer o registro em vídeo da cerimônia.

“Eles foram a primeira empresa que eu entrei em contato para a filmagem. Vi pelo Instagram, entrei em contato e eles logo perguntaram se eu era a noiva e quem era o noivo. Falei que era uma noiva também. A resposta que recebi é de que não faziam casamentos homoafetivos”, contou Cindy.

Empresa informou que não registra casamentos homoafetivos — Foto: Reprodução

Empresa informou que não registra casamentos homoafetivos — Foto: Reprodução

Segundo decisão do Supremo Tribunal Federal de junho de 2019, discriminar alguém por sua orientação sexual pode ser considerado crime de homofobia. Segundo Cindy, diante da situação, a sensação foi de tristeza e revolta.

“Principalmente fiquei muito revoltada. Foi a primeira vez que senti na pele esse preconceito, mesmo com tanto tempo juntas. Me senti totalmente desmotivada de continuar procurando e receber a mesma resposta”, disse Cindy ao G1.

Apoio e “parcerias” para o casamento

Logo depois do ocorrido, o casal contatou uma advogada e compartilhou os prints das mensagens trocadas. As imagens correram as redes sociais e o caso ganhou grande repercussão.

No Twitter, um dos tweets sobre o assunto teve mais de 78 mil curtidas e mais de 12 mil compartilhamentos. Diante da repercussão, várias empresas se ofereceram para ajudar o casal de alguma forma. O fotógrafo Régis Falcão ofereceu um ensaio em estúdio com as duas e disse ao G1 que, diante de situações de preconceito, todos devem se pronunciar.

“Eu acho que nessas situações a gente tem obrigação de se posicionar. Empresas que adotam esse tipo de comportamento têm se sentido legitimadas pela crescente de discursos nesse sentido. É preciso que a gente se manifeste contra, porque manda um recado pra que profissionais e empresas que têm esse tipo de comportamento entendam que isso é criminoso, ofensivo e eles devem ser expostos e penalizados. Não dá pra simplesmente deixar passar. É assim que essas pessoas se sentem cada vez mais à vontade de manifestar esse pensamento horrível”, declarou.

Com as mensagens de apoio recebidas, Cindy disse que ela e a namorada voltaram a acreditar que aqueles que ainda têm preconceito são exceção;

“Vendo a repercussão, as mensagens, vejo que essas pessoas são minoria, e cada vez mais ficam enclausuradas em seus preconceitos. O mundo tem gente muito boa e mesmo com suas crenças particulares respeitam a decisão de outras pessoas”, declarou.

Ela informou que o casal pretende judicializar o caso e registrar um Boletim de Ocorrência. G1 procurou a empresa Eu & Você Filmes, que informou que não vai se pronunciar sobre o caso. Perfis da empresa nas redes sociais foram desativados após a repercussão do caso.

FONTE: G1 PI

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