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Ciclismo feminino de Jaicós conquista cada vez mais espaço

No universo do ciclismo, o Portal Noticiei conversou com algumas atletas jaicoenses que dão total importância ao esporte e mostram a força do ciclismo feminino jaicoense.

Foto: Reprodução

Há um tempo atrás, o ciclismo era um esporte predominantemente masculino no Brasil, agora essa realidade vem sendo mudada e as mulheres estão se interessando cada vez mais pelo esporte. No universo do ciclismo, o Portal Noticiei conversou com algumas atletas jaicoenses que dão total importância ao esporte e mostram a força do ciclismo feminino jaicoense.

O ciclismo se tornou um dos esportes mais praticados de Jaicós, município de 19 mil habitantes, localizado a 360 km de Teresina. Os benefícios da modalidade vão muito além das conquistas de competições, mas proporciona qualidade de vida, lazer, melhoria da saúde física e mental.

A bicicleta é um meio de transporte muito utilizado em Jaicós para diversos fins, através dela muitos chegam ao trabalho, à faculdade, à escola, à igreja, carregam compras ou realizam passeios. No entanto, tem muita gente levando esse item de duas rodas ainda mais a sério, fazendo com que o nome de Jaicós seja representado em outras regiões através do ciclismo.

É um mundo que reúne amantes do transporte de duas rodas, cada um com diferentes objetivos. Duas equipes representam o município de Jaicós em competições, a Jaicós Bike e a Galo Bike.

Alguns estudos mostram que o ciclismo cresce no Brasil o no mundo, mas afirmam que mulheres ainda pedalam pouco. Segundo levantamento feito pela cientista social Marina Kohler, um dos motivos está no fato de as mulheres serem responsáveis por grande parte dos afazeres domésticos. Com a sobrecarga de atividades domésticas, elas encontram menos tempos para reservarem ao esporte e lazer.

Foto: Reprodução

A ciclista Carla Ranielle nos conta que por conta do seu trabalho, só é possível que ela realize treinos noturnos. “O Ciclismo é uma prática esportiva na qual eu me encontrei de corpo e alma. Transformou minha vida física e mental, mesmo com as todas as dificuldades de treino, uma vez que o meu trabalho me possibilita apenas treinos noturnos”, afirma.

Carla Ranielle, 32 anos, faz parte da Galo Bike, já competiu por duas categorias, a Iniciante e XCP feminino, foi campeã do PPR Picos Pro Race e recentemente venceu a prova de XCO Copa Evo Cross em Teresina. Ela começou a pedalar em 2019, quando tornou o ciclismo seu hobby. “Então tornei o ciclismo meu hobby preferido, daí comecei a participar de algumas competições, onde consegui chegar a excelentes resultados, colecionando medalhas”, nos conta Carla.

Foto: Reprodução

Para Carla, o ciclismo é importante em outros aspectos, como nos vínculos sociais que ele proporciona e prazer de enfrentar novos desafios. “No ciclismo também criamos fortes laços de amizade e companheirismo, tudo é energizante, revigora o corpo e a alma. Os caminhos percorridos, as conversas, os desafios, as competições, tudo é prazeroso”, afirma a atleta.

“Então, o meu conselho é deixar o sedentarismo de lado, pode ser um desafio para quem não está acostumado a tirar alguns minutos do dia para se exercitar. O fato é que os pedais são verdadeiros aliados de quem deseja mais qualidade de vida e saúde”, conclui a ciclista Carla.

A única jaicoense na categoria Elite do ciclismo feminino é a Lorena Oliveira, 27 anos, que faz parte da Jaicós Bike e pedala há 4 anos. Ela conta que teve muitas conquistas com o ciclismo. “Eu já conquistei muitas coisas desde coisas pequenas a grandes, que tiveram o mesmo valor pra mim, mais minha principal conquista foi ter conseguido comprar minha bike, que é a que tenho hoje, por que até 2 anos atrás eu andava em uma bike de entrada emprestada, que sou muito grata, mas o nível de evolução que eu vinha necessitava de um equipamento melhor”, afirma Lorena.

Foto: Danilo Bezerra

Lorena considera um grande desafio ter que abdicar de alguns momentos para se dedicar ao treinamento. Esse desafio faz parte da vida dos atletas que conciliam o ciclismo com outras atividades de diárias.

É o empenho e a força dessas atletas que ajudam a elevar o patamar do município no ciclismo piauiense. “Jaicós já é uma das cidades mais conhecidas do Piauí, dentro do ciclismo, por vários motivos, os atletas da cidade sempre estão em destaque, no pódio, nas provas, e até uma equipe que leva o nome da cidade (a Jaicós Bike), equipe que se destacou em todas as provas que esteve, nisso o esporte só vem crescendo na cidade, cada prova que um atleta da cidade vai, mais pessoas passam a acompanhar aquilo, se sentir orgulhoso, e querer fazer parte desse mundo”, conta a ciclista Lorena.

“Nós temos em casa o melhor CT de treino com trilhas desafiadoras, onde encontramos vários tipos de terrenos e suas dificuldades, onde não é encontrado em nenhum lugar por aí. Além do poder público que vem apoiando muito o esporte e os atletas da cidade, já é um incentivo muito grande”, explica Lorena.

Foto: Jardel Matos

Perguntada sobre o que a faz feliz no esporte, Lorena fala em superação. “A felicidade do ciclista é a superação, é sua competição interna, então por menor que seja sua conquista, aquilo já te faz muito feliz. Então eu acho que essa é a real felicidade”, conclui.

Superação faz parte da vida da maioria dos ciclista. Desafiar seus próprios limites é uma tarefa para poucos. É preciso muita determinação para não desistir. Uma história que transmite tudo isso é a da Anna Gabriella de Carvalho.  Ela faz parte da equipe Jaicós Bike e iniciou no ciclismo em junho de 2020, durante um período muito difícil na sua vida. “Meu pai estava muito doente e devido eu estar cuidando dele e saber que a doença dele não tinha cura, eu desenvolvi alguns problemas de saúde, entre eles, um grande problema de ansiedade, o qual me fazia passar várias noites sem conseguir dormir e também fiquei com a alimentação totalmente desequilibrada, tendo dias que eu me alimentava de forma compulsiva e outros dias eu praticamente não me alimentava”, relata Gabriella.

Ela conta que começou a pedalar através do esposo, que na época era iniciante e a convenceu que que ela se sentiria melhor pedalando. No início ela fazia pedais bem curtos de 10, 15 ou 20 km, visto que não dispunha de muito tempo e por conta de um problema respiratório que possui desde a infância. “Depois que eu perdi o meu pai o ciclismo virou minha terapia, como eu costumo dizer, pedalar é o meu medicamento”, afirma Gabriella.

Foto: Reprodução

Com apenas cinco meses após ela iniciar no ciclismo, os amigos e seu esposo lhe convenceram a participar do PPR na categoria iniciante, o evento ocorreu em dezembro de 2020 e o objetivo dela era superar seus próprios limites. Ainda nos primeiros quilômetros de prova, ela teve um acidente com um concorrente da categoria masculina, caiu e teve várias escoriações pelo corpo. Depois de alguns minutos resolveu concluir a prova e para sua surpresa, terminou na quinta colocação da categoria. “Depois dessa minha primeira experiência, cada dia fui me apaixonando mais pelo esporte, melhorei meu problema respiratório e consegui adquirir uma melhor qualidade de vida”, acrescenta a ciclista Gabriella.

A ciclista conta que nos últimos meses teve duas boas experiências em competições. Em uma delas, participou do Capivara Ride em São Raimundo Nonato, na competição não tinha a categoria iniciante, então ela fez inscrição na categoria turismo. Gabriella conta que a competição foi no mês de setembro, com umidade do ar muito baixa, incêndios na Serra da Capivara e ainda por cima ela estava fazendo uso de medicamentos para seu problema respiratório. Ela pensou em desistir de competir. “Confiei em Deus que daria tudo certo e fiz o percurso tendo cautela, infelizmente tive problema com a bike nos últimos dez km da prova e ainda consegui a oitava colocação, para mim foi uma grande superação em ter conseguido concluir o percurso”, relata.

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Já em outubro, ela resolveu participar de outro grande desafio desta vez em Caridade, competindo em categoria única feminina, juntando atletas das elites, as master A, B e C, turismo e iniciante, com percurso pesado, com uma altimetria alta. “Logo de cara, soube do organizador do evento que dez inscritas teriam desistido durante o reconhecimento do percurso, eu não desisti, mas não foi fácil concluir, pois a largada foi muito tarde e o sol castigou muito, consegui chegar entre as dez primeiras colocadas e me superei mais uma vez”, conta Gabriella, que durante a semana pedala à noite devido ao trabalho e em outros horários apenas quando tem tempo.

Foto: Reprodução

“O ciclismo pra mim tem sido como eu já disse anteriormente, minha terapia, medicamento e algo que eu encontrei pra superar meus limites, desde pequena que tinha uma vida limitada por ter problema respiratório e hoje me sinto capaz, o ciclismo vem me mostrando a cada dia que eu sou capaz. Pra mim, me desafiar já faz de mim uma vencedora, o pódio é sempre uma consequência”, conclui a atleta Gabriella!

Por Daniel Gomes/Portal Noticiei

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