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Eclâmpsia é a principal causa de morte materna no Brasil

Ainda um problema no país, a condição grave que coloca a gestante em picos de pressão pode ser fatal para a mãe e o bebê

Quando o momento da maternidade chega, o que mais se espera é poder passar por uma gestação tranquila e saudável para conquistar o tão esperado sonho de completar a família. Mas, muitas mães adoecem no período gestacional e passam por momentos conturbados. Como é o caso da jovem Maiara Siqueira, que teve pré-eclâmpsia na gestação do segundo filho.

Maiara Siqueira conta que teve uma infecção nos rins e tomou antibióticos na gestação do filho mais novo. Depois teve problemas de hipertensão e passou 20 dias na UTI. No final, tudo ficou bem para ela e o bebê.

“Minha pressão dava 13 por 9 e eu já ficava mal. No dia que eu fiz a ultra, notei que tinha um barulho diferente no ultrassom. O médico explicou que meu filho teve uma complicação e que eu deveria fazer o exame toda semana, pois ele poderia morrer no meu útero. Então fui na maternidade de alto risco e fui atendida”, conta.

Maiara ficou 20 dias em uma UTI - Arquivo pessoalMaiara ficou 20 dias em uma UTI – Arquivo pessoal

Complicações

A eclâmpsia e a pré-eclâmpsia são complicações graves da gravidez, que podem surgir durante a segunda metade da gestação, geralmente após as 20 semanas de gravidez.

A pré-eclâmpsia afeta de 3 a 7% das gestantes. Saber a diferença entre as duas é o primeiro passo para o tratamento bem sucedido. Uma pré-eclâmpsia não tratada pode evoluir para uma eclâmpsia, que caso não seja cuidada adequadamente pode ser fatal.

Ana Maria Holanda, médica obstetra da MDER, explica como é esse processo. “Ela acontece na segunda metade da gravidez e pode trazer complicações para a mãe e o bebê. Ela é diferente da eclâmpsia, que é quando a paciente com pré-eclâmpsia desenvolve crises convulsivas. Ela desmaia, fica se batendo e fica desacordada em razão da pressão alta da gravidez. Proteína na urina, pressões acima de 16 por 11 e lesões em órgãos específicos. É a principal causa de morte no Brasil e uma das maiores do mundo”, classifica.

Dra. Ana Maria Holanda fala das complicações na gravidez - Arquivo pessoalDra. Ana Maria Holanda fala das complicações na gravidez – Arquivo pessoal

Necessidades nutricionais

As grávidas têm necessidades nutricionais específicas. Tanto a qualidade e a quantidade de alimentos, como a frequência de consumo devem ser cuidadas, pois todas as demandas impostas ao corpo da mulher para gerar o feto precisam ser atendidas para garantir uma gestação saudável.

acompanhamento nutricional nos casos de eclâmpsia, ou pré-eclâmpsia, é de suma importância. A pressão alta é uma das consequências do ganho de peso excessivo na gravidez. Por este motivo, a gestante precisa ser orientada quanto a importância de uma alimentação adequada durante toda a gestação.

Flávia Mércia destaca a alimentação natural - Arquivo Flávia Mércia destaca a alimentação natural – Arquivo 

Alimentação

Flávia Mércia, nutricionista gestacional, recomenda uma alimentação mais natural. “O consumo de frutas e verduras é muito importante. Mas além disso, é necessário o estilo de vida antes mesmo da gestação. Exige um equilíbrio de proteínas e carboidratos. O cuidado deve ser redobrado após os 30 anos”, revela.

Casa da Gestante já atendeu mais de 1.600 mães

Há cinco anos o Governo do Estado do Piauí criou a Casa da Gestante, Bebê e Puérpera, localizada no bairro Piçarra, na zona sul de Teresina, como extensão da Maternidade Dona Evangelina Rosa. O local foi criado para acolher, orientar, cuidar e acompanhar gestantes, puérperas e recém-nascidos de risco que necessitam de observação diária, mas não precisam permanecer no ambiente hospitalar.

Ana Ruth, coordenadora da Casa da Gestante, fala que essa unidade possui sete quartos com três leitos cada. “Somos uma unidade de cuidado onde as mães são acolhidas, acompanhadas e cuidadas. Elas não necessitam estar em um ambiente hospitalar, mas precisam de uma vigilância constante que é realizada por nossa equipe. Atendemos mais de 1.600 pacientes”, afirma.

Ana Ruth diz que hóspedes são acompanhadas - Jornal Meio NorteAna Ruth diz que hóspedes são acompanhadas – Jornal Meio Norte

Acompanhamento

As hóspedes são acompanhadas por equipe formada por uma equipe multiprofissional, composta por enfermeira, técnico de enfermagem, segurança policial e motorista, com carro exclusivo, 24 horas por dia, além de médico de sobreaviso.

A Maternidade Evangelina Rosa é a responsável técnica e administrativa pela Unidade, e é encarregada do transporte da gestante, recém-nascido e puérpera para atendimento imediato às intercorrências, de acordo com a necessidade clínica. Além disso, a Maternidade fornece todas as refeições e medicamentos necessários às pacientes diariamente.(L.A)

Casa atende mulheres que são acompanhadas durante estadia - Jornal MNCasa atende mulheres que são acompanhadas durante estadia – Jornal MN

Aborto:  experiência vivida por muitas mulheres

O aborto é um termo utilizado para designar a interrupção da gravidez antes do período perinatal, ou seja, quando ainda não há viabilidade do feto. Embora o termo aborto seja bastante utilizado, o nome adequado a esse processo é abortamento.

De acordo com a OMS, considera-se aborto a interrupção, antes das 22 semanas de gestação, estando, nesse caso, o feto, geralmente, com peso inferior a 500 g. Quando o feto é retirado nessas condições é incapaz de sobreviver fora do útero da mãe. “A principal causa dessa situação são as alterações genéticas, que respondem entre 50% a 80% dos casos. Mas existem outras causas, inclusive infecções, a exemplo da herpes, que é tão comum”, afirma Nayana Okasaki, ginecologista obstetra.

Ginecologista fala dos riscos do aborto - Jornal MNGinecologista fala dos riscos do aborto – Jornal MN

Prática criminosa

No Brasil, o aborto, no geral, é considerado uma prática criminosa. Só não é qualificado como crime quando ocorre naturalmente ou quando praticado por médico capacitado em três situações: em caso de risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencefálico.

Muitas pessoas ao se depararem com uma gravidez indesejada optam por utilizar algumas substâncias e medicamentos que visam a interromper a gestação. No entanto, essas substâncias, muitas vezes vistas como alternativa pela mulher, podem colocar a própria vida em risco.(L.A)

Infecções puerperais representam 8,4%  de mortes no PI

São nove meses de espera para trazer ao mundo uma nova vida. Mas nesse processo de parto podem ocorrer intercorrências que podem ser fatal para as gestantes, como as infecções puerperais. No Piauí, o índice de mortalidade materna por esse problema é de 8,4%.

O médico Maurício Fortes explica que esta é a terceira maior causa de mortalidade materna. Assim como na cirurgia cesariana, o parto vaginal também apresenta riscos de infecção puerperal. “Precisamos prevenir essas ocorrências. Só perde para eventos hipertensivos, a maior causa, e hemorrágicos, em seguida”, aponta.

Médico fala dos riscos das infecções em grávidas - Jornal Meio NorteMédico fala dos riscos das infecções em grávidas – Jornal Meio Norte

Mortalidade materna

Para reduzir a mortalidade materna, que pode ser por várias causas,  o Governo do Estado do Piauí, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), implantou no Piauí o Plano Estadual de Ação para Redução da Mortalidade Materna e na Infância. o plano tem como principal objetivo reduzir os índices de mortalidade nesse segmento.

Conforme o relatório de mortalidade materna do Piauí, as mortes maternas atingem principalmente as classes menos favorecidas, que têm menos acesso à saúde e com menor qualidade de vida. Falta de informação é um dos fatores que contribuem diretamente para os óbitos. Para isso, ações específicas são realizadas pela Sesapi.(L.A)

FONTE: Meio Norte

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