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Presos tinham empresa de fachada que movimentava milhões não declarados

A polícia divulgou nesta quinta-feira (14) a lista de 40 veículos comprados em nome dos proprietários de uma empresa de fachada que atuava no ramo de transportes, suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. Os acusados, identificados como Francisco José Oliveira Costa e Mariana dos Santos Soares, foram presos em operação deflagrada pela Polícia Civil na manhã de hoje. As pessoas que compraram os carros e motocicletas dos suspeitos devem entrega-los na Delegacia Geral, ou poderão ser enquadrados por crime de receptação.

A polícia tem em mãos mandados de busca e apreensão de 40 veículos que estão nos nomes dos acusados e que também são bens não declarados. No nome de Francisco há 18 veículos, entre carros e motos; no nome de Mariana há 19 veículos e no nome da empresa há três.

“Mesmo que a pessoa tenha comprado de boa fé e não soubesse que era um esquema de lavagem de dinheiro, ela tem que entregar o veículo à polícia, porque se trata de um objeto de crime. Nós temos a identificação de cada um desses carros e motos e vamos disponibiliza-la para que as pessoas os entreguem”, explicou o delegado-geral Luccy Keikko, acrescentando que a polícia não é responsável pelo ressarcimento do valor empenhado na compra. “Isso terá que ser feito mediante um processo jurídico por parte da pessoa que foi lesada, Ela tem que acionar os meios legais para conseguir seu dinheiro de volta, porque isso doge da nossa competência”, disse.

Confira a lista divulgada pela Polícia:

Matéria original

Os dois presos na Operação Pavilhão, deflagrada na manhã de hoje (14) pela Polícia Civil, eram proprietários de uma empresa de fachada que atuava no ramo de transportes. De nome Izadora Transportes, ela fica localizada no Pavilhão de Eventos, próximo à Avenida Miguel Rosa, e teve uma movimentação milionária ao longo dos três anos em que funcionou.

O local onde ficava a empresa não possuía nenhuma estrutura condizente com os lucros que ela obtinha e o que chama mais atenção é que, mesmo atuando no ramo de transportes, ela não possuía sequer uma frota de veículos. De acordo com a Gerência de Policiamento Especializado da Polícia Civil, só em 2014, a movimentação financeira da Izadora Transportes foi de R$ 600 mil. Em 2015, esse valor chegou a R$ 1,4 milhão e em 2016 foi de R$ 400 mil. No total, a empresa de fachada usada pelos criminosos para lavar dinheiro do tráfico de drogas movimentou cerca de R$ 2,4 milhões em três anos.

A investigação que culminou na prisão dos acusados, identificados como Francisco José Oliveira Costa e Mariana dos Santos Soares, começou ainda em 2016 pela Delegacia de Entorpecentes. Na ocasião, o crime investigado era o de tráfico de drogas e só com o avançar do inquérito foi que a polícia consegui ter ideia do tamanho do patrimônio conseguido pelo casal com a lavagem de dinheiro.

“Basicamente, eles conseguiam um bom dinheiro com o tráfico de drogas e lavavam esse dinheiro na empresa Izadora Transportes, que existia só por existir, mas não prestava nenhum serviço. Essa lavagem era feita da seguinte forma: eles compravam veículos usados e os revendiam a pessoas que não tinha condição de financiamento junto ao banco por um valor bastante alto e usando notas promissórias. Se a pessoa não conseguisse pagar, eles tomavam o veículo de volta.”, detalhou o delegado Matheus Zanatta, que presidiu as investigações.

Os valores arrecadados com a venda dos veículos não era declarado junto à Receita Federal, ou seja, além de lavar dinheiro e financiar o tráfico, Francisco e Mariana também cometiam crime de sonegação. Só com o esquema Francisco movimentou cerca de R$ 1,8 milhão e declarou aos cofres públicos somente R$ 200 mil; e Mariana movimentou cerca de R$ 400 mil, mas declarou apenas R$ 200 mil.

“Você percebe aí que o Francisco tinha um patrimônio quase 16 vezes maior do que o que ele declarava, e que a Mariana tinha um patrimônio quase quatro vezes do que o valor que declarava. A empresa, a Izadora Transportes, nunca declarou nada em três anos”, pontuou o delegado Zanatta.


O delegado Matheus Zanatta presidiu o inquérito

Contando de hoje, a polícia tem 10 dias para conclui o relatório de investigação e encaminhá-lo ao Ministério Público. Francisco e Mariana serão indiciados por financiamento do tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, agiotagem e estelionato.

Por: Maria Clara Estrêla e Nathalia Amaral / Portal O Dia

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