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GENTE DA NOSSA GENTE| Trabalho e determinação: a trajetória sem segredos de Deik Fernandes

“Escolha um trabalho que você ama e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida”. Eu sempre fiz o que eu amo, isso é o segredo, revelou Deik.

O sertanejo é, antes de tudo, um forte – escreveu o célebre Euclides da Cunha. Essa frase pode ser empregada com muita propriedade na vida do empresário Deik Barros Fernandes, o primeiro entrevistado da série de entrevistas “Gente da Nossa Gente”. Hoje dono do Grupo Petronet, precisou, desde cedo, ser muito forte diante das dificuldades que enfrentou.

Nascido no município de Juazeiro-BA, Deik passou sua infância em Petrolina-PE, no sertão pernambucano. Perdeu a mãe aos 12 anos e se viu na responsabilidade de ajudar o pai a sustentar a família. Talvez ninguém imaginasse, mas o filho de seu Jaime e dona Edite, mesmo com um início tão difícil, se tornaria um empresário bem sucedido nos seus projetos.

Iniciou sua vida de empreendedor em uma feira, vendendo cebola em um carrinho de mão pago parceladamente. Em pouco tempo, já havia conseguido outros vendedores para trabalharem vendendo cebolas. Foi assim que pagou os seus primeiros cursos de Informática.

Na área de Informática, começou ensinando, durante dois anos, como jovem aprendiz, nas escolas de Juazeiro do Norte-CE. Passou a viajar, dando aulas e fazendo manutenção de computadores.

Em 2000, resolveu deixar Petrolina e tentar a vida em Santa Rosa-PI, trabalhando como professor de Informática. Foi neste município que, em 2005, começou a empreender como provedor de internet.

No ano de 2008, mudou-se para Jaicós, como sócio da Rapidex, e mais tarde criou a Petronet, que se tornou um dos maiores provedores de internet da região. No início, possuía apenas 52 clientes que eram atendidos por ele e sua esposa Vânia. Hoje a Petronet tem mais de três mil clientes e está presente em nove cidades, empregando 33 pessoas.

O grupo cresceu e hoje também fazem parte as empresas PetroSolar, Petronet bet, Petro Recarga, Virtex e TV Gallo. A Petrosolar também é destaque no estado e já atendeu mais de 23 municípios piauienses com seus projetos.

É inegável a contribuição de Deik Fernandes para a geração de empregos e desenvolvimento do município. É admirável o carinho que tem pela “Terra do Galo” e por seu povo. Nos mostra que o empresariado brasileiro pode ir muito além de pensar apenas na maximização de seus lucros, tratando seus funcionários e a sociedade de forma mais humana, com importantes contribuições para a transformação social.

“Eu vi que eu sou piauiense. Quando é que você sabe que ama de verdade um estado ou uma cidade? Perdi minha mãe quando eu tinha 12 anos. Ela foi enterrada em Petrolina. Eu tinha aquele desejo de ser enterrado junto com minha mãe, mas hoje tenho outro. Eu quero ficar em Jaicós. E quero pedir perdão a ela. Quero ficar aqui, porque foi aqui que recebi tudo que tenho. Foi aí que vi que gosto mesmo dessa cidade” – conta visivelmente emocionado.

Quando e como você começou a vida de empresário?

Eu comecei como empresário com 12 anos, na feira. Minha mãe morreu, a gente passou por dificuldade. Meu pai ficou em luto e passou uns 4 meses sem trabalhar. A gente precisava trabalhar. Meu pai vendia frutas e verduras, como meus tios e meus avôs. Eu pegava aquelas “chupetas” (cebolas pequenas) que caíam das máquinas pra vender. Comprei meu primeiro carrinho de mão fiado, para pagar em 5 prestações. Eu gritava “Olha cebola, minha tia!”– brinca o empresário. Até os 14 anos eu vivi de feira. Paguei meus primeiros cursos de Informática com dinheiro da feira. Meus colegas de escola mangavam de mim. Diziam para não chegar perto porque eu tinha cheiro de cebola – fala emocionado. A primeira vez que eu vi um computador foi na casa de um amigo meu chamado William. Quando eu liguei aquele computador, eu tive certeza que ía trabalhar com isso. Esse meu amigo me deixava estudar e treinar na casa dele.

Como você decidiu vir para o Piauí e como tudo começou?

Comecei a viajar dando aulas ensinando a consertar computador, depois comprei um carro fiado. Com o dinheiro que ganhei, fui pra São Paulo e investi em curso de manutenção de impressoras. Eu trabalhava por conta própria fazendo manutenção e dando aula em cursos. Em 2000 teve aquela recessão, eu estava em Petrolina, foi quando fui pra Santa Rosa do Piauí. Lá comecei dando aulas. Depois tive meu primeiro provedor de internet em Santa Rosa, no ano de 2005. Era via satélite ainda. Era aquela internet que só funcionava à noite, depois das 6 horas. Em 2008, cheguei em Jaicós com 52 clientes. Era eu e Vaninha (esposa) primeiro, depois o Elionay também trabalhou comigo. O pessoal pagava, a gente já juntava o dinheiro pra comprar antena. Porque não tinha dinheiro. A primeira loja que me deu crédito foi do seu Urias. Uma antena era mais de 700 reais. Eu juntava o dinheiro das mensalidades e quando comprava 3 antenas eu era rico – conta rindo. Hoje estamos com mais de 3000 clientes. Hoje estamos com internet em Jaicós, Massapê, Padre Marcos, Campo Grande, Patos, Vera Mendes, Alegrete, Francisco Macêdo e Francisco Santos, fora os interiores (zona rural). Nossa missão sempre foi o interior. Eu sempre sentia a necessidade do povo do interior ter acesso à internet, mesmo onde sei que não tenho retorno financeiro. A Petronet foi homenageada no Piauí por ser a que mais está presente no interior. Eu sempre busquei popularizar a internet, desde o início. A gente foi o primeiro provedor a dar antena aqui. Fomos também pioneiros em dar roteador e agora pioneiros em fibra óptica. A ideia de trazer a fibra óptica tinha um porquê, trazer um Call Center pra Jaicós, é um sonho.

Quem você considera sua maior inspiração?

A pessoa que me inspira hoje é o Iran. Ele me deu oportunidade de ser franquiado da empresa dele. O Iran é o dono da Virtex. É um empresário humano e honesto, tanto com seus parceiros, como com seus funcionários. Ele merece tudo que tem hoje.

O que você considera que te dá mais forças para atingir seus objetivos? E qual seu maior sonho.

O que eu mais desejo hoje é que eu possa passar essa história que, em qualquer lugar, você pode fazer o mesmo. Quero passar isso, que se um cara consegue fazer isso em uma cidade de dezenove mil habitantes, outros podem fazer o mesmo em sua cidade. Eu tinha medo que isso parecesse vaidade. Aí eu fui pensar. Se eu me inspirei em histórias de Assis Chateaubriand e Visconde de Mauá, lendo livros desses homens da época do Império, então eu acho que as pessoas podem ver a minha história e se inspirarem. Eu quero mostrar aos jovens que eles têm valor. A Petronet já é um exemplo disso. Eu treinei todos os meus funcionários. Eu vou trazer a TV Gallo para Jaicós, estamos desenvolvendo, e quero ver os jovens trabalharem nela.

O que você aconselharia para aquelas pessoas que têm o sonho de alcançar o sucesso na vida, como empreendedor?

Primeiro é saber que nada vem fácil. É trabalho. Você realmente tem que se dedicar, estudar. Estudar hoje não quer dizer que seja só na escola. Há grandes empreendedores que não tem nem nível médio, mas estudam de todas as formas. Buscam dentro deles mesmos algo que façam com amor. Isso é verdade, tem um ditado que diz: “Escolha um trabalho que você ama e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida”. Eu sempre fiz o que eu amo, isso é o segredo. Se empreende em qualquer lugar, na favela, no bairro, na cidade. Dá para empreender com tudo, vendendo água mineral, roupas, calçados. Tem que acreditar e saber que nada vem a curto prazo. Tem que lembrar que durante esse tempo você pode cair. Comecei com 52 clientes de internet e quantas vezes pensei em desistir? Eu sempre dizia “Sou mais forte que isso! ”. Se encha de positividade. Pela manhã, entregue seu dia a Deus, coloque a música que você gosta, o vídeo que te leve pra cima e saia feliz, cheio de positividade.

Por Daniel Gomes

Bacharelando em Administração pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), funcionário público. Entusiasta de questões ambientais, participa de projetos do Núcleo de Economia Circular, Inovação e Sustentabilidade (NECIS) em Petrolina-PE.

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