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Alerta: asma mata mais de 2 mil pessoas por ano no Brasil

Segundo dados do Ministério da Saúde, o problema respiratório acomete 20 milhões de pessoas

A asma, doença que levou à óbito a escritora e roteirista Fernanda Young nesse domingo (25), é responsável por quase 250 mil internações e mais de dois mil óbitos todos os anos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, o problema respiratório acomete 20 milhões de pessoas, sendo que 20% dos casos são considerados graves, ou seja, os sintomas são mais agressivos e a sensibilidade aos gatilhos da doença é maior.

De acordo com o pneumologista Bráulio Dyego Martins Vieira, quase 10% da população tem asma de forma mais leve, caracterizada por sintomas como tosse, chiado no peito e sensações recorrentes por falta de ar, especialmente no turno da noite e no início da manhã.

“Casos como o da Fernanda Young, que é uma pessoa jovem, são emblemáticos. Nos faz pensar que a asma é uma doença simples, mas ela é potencialmente fatal. A asma mata, não é uma doença inocente. Esses sintomas são leves, mas em alguns casos podem ser mais graves e os sintomas, se intensificarem, podem gerar um quadro de insuficiência respiratória, hipoxemia, levando a uma parada cardiorrespiratória, que é o que pode ter ocorrido com a Fernanda”, explica o médico.

O especialista comenta ainda que, na maior parte dos casos, a asma é uma doença genética, ou seja, adquirida do pai ou da mãe que tem o gene da doença. Porém, o problema pode ser adquirido no decorrer da vida, geralmente por pessoas que se expõem a alguns trabalhos, especialmente em indústrias, ou têm contato com determinados produtos, como de limpeza, sendo esta a asma adquirida.

“Se a pessoa estiver com suspeita de asma, ela deve procurar o médico pneumologista para fazer uma avaliação e exames confirmatórios, dentre eles o exame da espirometria, que detecta que a pessoa tem asma. Além de procurar um médico e ter seu tratamento medicamentoso prescrito, é importante que o asmático siga outras orientações, como evitar infecções, através das vacinações, tomando anualmente a vacina contra Influenza e a cada cinco anos contra pneumococo”, ressalta o pneumologista.

O que evitar?

É fundamental que a pessoa com asma evite ainda exposições alérgicas, como poeiras, ácaros, pólen, pelo de animais, agentes irritantes químicos, como produtos de limpeza, além de fumaça de cigarro, fuligem de queimadas, entre outros. O médico Bráulio Dyego Martins Vieira lembra que a poluição ambiental vem sendo cada vez mais estudada e tem se tornado um dos principais fatores desencadeantes de crises nos asmáticos.

Tratamento é personalizado

Quando o asmático começar a ter crises de falta de ar, chiado e tosse que não melhoram com o tratamento, deve-se procurar o médico, pois as crises podem se identificar e gerar uma hipoxemia e parada cardiorrespiratória. O pneumologista Bráulio Dyego Martins Vieira lembra que o tratamento é feito de forma individualizada e deve ser passado de acordo com orientações médicas.

“Na grande maioria das vezes, pode não acontecer uma hipoxemia, mas em alguns casos sim, por isso, sempre que tiver intensificação desses sintomas de falta de ar, é recomendado procurar o médico para que ele aumente o tratamento naquele período. O tratamento é feito de forma personalizada, ou seja, não existe uma receita de bolo. Alguns pacientes que têm um espectro mais leve vão precisar de bronco-dilatadores, corticoides inalatórios, sendo este o pilar do tratamento. Contudo, algumas pessoas irão precisar de uma quantidade maior de medicamentos, podendo utilizar inclusive drogas que vão agir especificamente na sua doença e que foram recém-estudadas e incorporadas ao tratamento”, salienta o especialista.


Foto: Divulgação

Dados da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) apontam que 47% das pessoas diagnosticadas com asma não utilizam a medicação de forma regular e 73% delas não seguem todas as orientações médicas para o controle da doença, o que pode agravar o problema.

Convivendo com a doença

O professor Bruno Thompis Alves Siqueira Barbosa é asmático e conta que o diagnóstico veio ainda na primeira infância, devido às crises respiratórias que tinha por conta do ambiente e após uma crise grave de pneumonia. Nessa época, ele utilizava bombinha, assim como inalador com bronco-dilatador para conter as crises.

“Recentemente, tive uma crise que me fez retomar o uso da bombinha As crises dependem bastante do ambiente. Se ele é ofensivo à respiração, as crises são mais frequentes. Depois da idade adulta, tenho tido menos crises, mas até os 19 anos as crises eram frequentes. Quando sinto algo mais grave, como dificuldade de respirar, sempre recorro ao inalador e à bombinha. A bombinha só voltei a utilizar recentemente e, quando não a tinha, procurava sempre um posto médico onde sou medicado, normalmente com injeções”, comenta.

Bruno Thompis comenta ainda que, em geral, as crises de asma vêm com gatilhos alérgicos, como poeira, pelos de animais, além da mudança climática e muito esforço físico. Para controlar a crise, o professor destaca que realiza a respiração diafragmática, técnica que aprendeu com um terapeuta.

Por: Isabela Lopes – Jornal O Dia

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