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Francisco Pellé| Um dos atores mais marcantes do Piauí

Ele, que nasceu em Teresina, é um dos fundadores do Grupo Harém de Teatro, que está completando 30 anos de existência. Foram muitas produções com sua participação.

Francisco Antônio Vieira, mais conhecido como Francisco Pellé. Esse artista cheio de versatilidade no palco é um dos atores marcantes do teatro piauiense. Quem não lembra da divertida personagem Raimunda Pinto, da peça Raimunda Pinto, Sim Senhor!? Ele, que nasceu em Teresina, é um dos fundadores do Grupo Harém de Teatro, que está completando 30 anos de existência. Foram muitas produções com sua participação.

Trajetória artística começou em 1982

Um grupo que para Pellé é uma extensão da sua família. Sua trajetória artística começa em 1982, quando ele estava cursando o Ensino Médio na antiga Escola Técnica de Teatro (hoje IFPI). O primeiro contato com as artes cênicas foi através do grupo de teatro formado na própria escola que ele participaria até concluir os estudos. Do início de tudo a gratidão a um dos mestres do teatro piauiense, José Gomes Campos, a quem ele tem orgulho de dizer que foi muito importante para sua descoberta e paixão pelo teatro. Hoje, são vários papéis, prêmios conquistados, intercâmbios e visitas a outros países. Uma delas que resultou no surgimento do Festival de Teatro Lusófono(Festluso), criado para a apresentar e discutir espetáculos originados de países de língua portuguesa.

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“”O teatro representa esse caminho que encontrei para conviver bem com as pessoas e para entender os problemas da humanidade, ser solidário, ser companheiro, saber ouvir mais, argumentar, saber criticar””

Francisco Pellé

Jornal Meio Norte: Você faz parte de um dos grupos de maior atuação no teatro piauiense e que tem uma visibilidade nacional com produções que sempre agradam o público. O que representa o Harém dentro da sua história?

Francisco Pellé: O Harém está completando 30 anos sempre ativo, se renovando, procurando novidades, trazendo uma discussão nova para o teatro, renovando o teatro piauiense e é um patrimônio da cultura local. E ele, para mim, é a grande representação do que somos hoje, eu Francisco Pellé, Arimatan Martins, Airton Martins, Assaí Campelo, Fernando Freitas, a Soraia. O Harém é toda essa representação do que nós somos hoje na sociedade. Por isso, daí a sua importância como grupo, um núcleo agregador e difusor de novas idéias do teatro piauiense.A gente tem o Harém como uma grande família.

Jornal Meio Norte: Que papéis você ainda gostaria de encenar?

Francisco Pellé: Gostaria de encenar vários papéis. O ator sempre está buscando novidades. Tenho planos de fazer Otelo, o Mouro de Veneza, William Shakespeare, é um personagem que me fascina muito na dramaturgia. Não seria basicamente montar a peça Otelo na sua plenitude, mas fazer uma releitura.

Jornal Meio Norte: Entre os papéis de destaque você protagonizou, Raimunda Pinto foi um dos mais marcantes. Por que ele se tornou uma marca no seu trabalho?

Francisco Pellé: Foi o personagem mais emblemático da minha carreira, por causa da visibilidade que essa peça teve no Brasil, em Teresina, no Piauí e no mundo. Ela teve uma carreira promissora e isso abriu várias portas do conhecimento para mim, me possibilitou ganhar prêmios em grandes festivais. As pessoas passaram a reconhecer realmente um ator de teatro na rua e isso foi muito gratificante. Eu considero Raimunda Pinto como o grande precursor do teatro. Nós temos o teatro antes de Raimunda Pinto e depois dela. As pessoas começaram a ver os artistas com outros olhos. E também deu visibilidade a outras pessoas que fizeram a peça, o Dirceu Andrade, Moisés Chaves, Amauri Jucá, o Francisco de Castro. A peça alçou grandes nomes do teatro, do humor e da música. Mas eu também considero um outro personagem que eu fiz ainda na Escola Técnica que me lançou no teatro piauiense. Foi um personagem de uma peça do Gomes Campos, O Auto do Lampião no Além, que eu fazia o Cão Gasolina. Foi a partir dele que eu saí do teatro escola e fui fazer apresentações, convidado em grupos de teatro amadores da época, participei do Grupo Raízes e outros. E o Harém remonta o espetáculo depois quando ele completa os quinze anos com iluminação do Maneco Quinderé, bem tecnológico, e foi bem premiado.

A imagem pode conter: Francisco Pellé Vieira, óculos de sol e close-up

Jornal Meio Norte: como o teatro entrou na sua vida?

Francisco Pellé: Ele entrou na minha vida na adolescência. Eu estudava na Escola Técnica Federal fazia o curso de Estradas início dos anos 80 e conheci o professor José Gomes Campos. Na época, eu não entrei no grupo de teatro, participava do grupo de redação que era coordenado também por ele e lá tinha um grupo de Formação Teatral dos Alunos da Escola Técnica Federal do Piauí. E ao terminar uma prova eu saí e encontrei o Campos no corredor na porta do auditório. E ele  estava montando uma peça com o Grupo Fogo Morto e estava precisando de um ator negro com as minhas características para encenar e ele me convidou. Em princípio, foi aquela coisa meio estranha, eu sempre uma pessoa muito retraída, tímida. Eu nunca tinha visto nada de teatro, mas ele me convenceu a entrar naquele auditório. E eu vi aquelas pessoas no palco e aquilo, de pronto, já me identificou muito com o que eu queria. Eu fazia o papel de um escravo e foi a minha experiência e ai eu fui ficando, ficando e agradeço muito a memória do Gomes Campos e ao Paulo de Tarso Batista Libório que assumiu o grupo da escola. Fizemos várias coisas bacanas, tanto o Gomes como o Paulo Libório, grandes mestres do teatro. É para poucos ter começado o teatro nessas condições com essas duas pessoas.

Jornal Meio Norte: Você tem uma trajetória marcante no teatro local. O que representa para você o teatro?

Francisco Pellé: O teatro sempre representou assim um modo de vida pra mim, desde que  entrei foi uma coisa assim que apareceu no momento que devia realmente ter aparecido. Ainda na minha adolescência,no meu projeto de formação tanto como pessoa, política, estética, e isso, abriu horizontes na minha vida para que eu pudesse escolher o realmente  eu queria. Com 17 anos, tudo era ainda muito sem definição e o teatro veio para poder abrir esses caminhos e me mostrar alguns percursos que eu devia seguir. Ele representa esse caminho que encontrei para conviver bem com as pessoas e para entender os problemas da humanidade, ser solidário, ser companheiro, saber ouvir mais, argumentar, saber criticar. Eu utilizo o teatro sempre como um modo de aprendizagem. Então é isso, essa trajetória que tenho feito nele está muito marcada por essas coisas que aprendi dentro dele, me ensinou e que tento repassar para outras pessoas,. Até no meu convívio de família, isso melhorou bastante com os meus mais próximos depois que eu ingressei no teatro.

FONTE: Meio Norte

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