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Negros e mulheres avançam nas urnas e aumentam presença no 2º turno das eleições

Na estreia da cota racial, pretos e pardos eleitos para prefeituras subiram para 32% do total, índice ainda distante da realidade populacional

No ano de estreia da regra que obriga os partidos políticos a distribuir de forma proporcional a verba pública de campanha entre os candidatos brancos e negros, os pretos e pardos tiveram um avanço na eleição para prefeitos, mas o desempenho ainda está longe de refletir o retrato da população brasileira.

O resultado das urnas mostra que 32% dos prefeitos eleitos no primeiro turno, em todo o país, se declararam negros (pretos ou pardos). Os brancos somaram 67%.

Os números do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), compilados pelo DeltaFolha, mostram um avanço em relação a 2016, quando os prefeitos eleitos brancos, no primeiro turno, somavam 70,4%, contra 29% de negros.

Apesar do crescimento, o resultado ainda está bem distante de refletir a divisão entre negros e brancos na população brasileira —56% são pretos e pardos— e entre os próprios candidatos lançados —50% foram negros, 48%, brancos.

Já em relação às mulheres, o avanço foi mais tímido no primeiro turno. Elas passaram de 11,7% do contingente de prefeitos eleitos em 2016 para 12,1%.

Um dado significativo, porém, mostra que cresceu de forma mais expressiva a presença tanto de mulheres como de negros nas disputas de segundo turno, ou seja, das maiores e mais importantes cidades do país.

Fotomontagem de candidatas a vereadora em São Paulo; número de mulheres negras candidatas à Câmara Municipal da capital paulista quase dobrou em 2020. (Foto: Reprodução/Folha de S. Paulo)

Ao comentar nessa segunda-feira (16/11) o resultado das eleições, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que a política precisa entender o recado das urnas de uma ampliação da participação das mulheres, negros e minorias na política.

“Acho inclusive que, apesar de reconhecer que não era o melhor caminho, por ter sido na reta final, a decisão de abrir um espaço para cota de negro foi importante. No Rio de Janeiro a nossa experiência foi muito positiva, apesar de entender que aquela deveria ser uma decisão de lei, e não uma interpretação do judiciário brasileiro. Mas, muitas vezes, infelizmente a política fecha a porta e acaba que o judiciário abre a porta para que a sociedade possa ter maior participação na política”, afirmou.

Entre os prefeitos eleitos no primeiro turno há ainda sete políticos que se declararam indígenas —três da região Norte, dois do Nordeste, 1 do Sudeste e 1 do Sul—e 22, amarelos.

Apesar de os negros e as mulheres serem maioria na população brasileira, com 56% e 52% do total, respectivamente, são minoria nos principais postos de comando político do país.​

Dentro da estrutura de chefia dos partidos políticos, também predominam homens e brancos, que demonstram forte resistência a mudar esse quadro. Conforme mostrou a coluna Painel, dirigentes de algumas das principais legendas já defendem que o Congresso promova uma revisão dessas regras.

Fonte: Folha

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