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Delegado indicia empresário e árbitro por evento clandestino que resultou na morte de lutador

Na gravação, o proprietário da academia afirmou que "nasceu para quebrar regras" e que nenhuma entidade religiosa o faria cancelar o evento.

Boxeador Jonas de Andrade Carvalho Filho — Foto: Arquivo Pessoal

Mais três pessoas foram indiciadas por crime contra a Saúde Pública, em decorrência do evento clandestino que resultou na morte do lutador amador de boxe Jonas de Andrade Carvalho Filho, de 34 anos, em Teresina. As novas pessoas indiciadas são: o organizador da luta, o árbitro e o lutador adversário da vítima.

Além deles, a Polícia Civil já indiciou pelo mesmo crime dois enfermeiros, um radiologista e um fisioterapeuta, que assistiram à luta. Segundo o delegado Menandro Pedro, responsável pelo caso, todos sabiam que o evento era irregular, que não tinha autorização do órgão competente, além de desrespeitar os decretos municipal e estadual.

“A princípio eles foram indiciados por crime Contra a Saúde Pública, porque sabiam que o evento era totalmente irregular, com 300 pessoas, maioria sem máscara, consumindo bebida alcoólica e sem distanciamento. Estou aguardando o laudo cadavérico da vítima para saber a causa da morte. Caso o exame aponte traumatismo craniano, os suspeitos podem ser indiciados também por homicídio culposo”, contou.

Ao todo, mais de 20 pessoas foram ouvidas e o inquérito policial sobre a morte do lutador amador ainda não foi concluído. As últimas pessoas a prestarem depoimento foram: o organizador do evento, o árbitro, lutador adversário e a namorada da vítima.

“A namorada da vítima foi ouvida nesta terça-feira. Ela contou que o enfermeiro e o radiologista pediram para ela dizer no hospital que o caso foi acidente e ela se negou a fazer isso”, revelou o delegado.

Ao G1, o delegado Menandro Pedro contou ter imagens do lutador desmaiado chegando ao hospital com os dois profissionais de saúde. O delegado informou ainda que procurou o Serviço Móvel de Urgência (Samu), que respondeu não ter registrado nenhum pedido de ambulância no dia da morte do lutador.

“Ninguém procurou socorro, enquanto o Jonas passou mal. Ainda falta ouvir a enfermeira que colocou o oxímetro na vítima, quando ela desmaiou na luta”, acrescentou.

Em áudio, incluído no inquérito policial, o organizador do evento se mostra irredutível à mudança ou cancelamento da luta clandestina, mesmo com os decretos estadual e municipal proibindo a realização de eventos com aglomeração de pessoas.

Na gravação, o proprietário da academia afirmou que “nasceu para quebrar regras” e que nenhuma entidade religiosa o faria cancelar o evento.

“Fica assim, o evento é dia 24 e pode Deus e o demônio descer na terra dizendo para ‘mim não fazer’ (sic) que assim mesmo eu ainda faço, entendeu? Que eu nasci foi para quebrar regra e não para cumprir”, afirmou.

Entenda o caso

Lutador amador morreu após luta clandestina em Teresina — Foto: Reprodução

Lutador amador morreu após luta clandestina em Teresina — Foto: Reprodução

A vítima Jonas de Andrade Carvalho Filho estava em uma luta de boxe clandestina contra um homem, identificado apenas como Jônatas, quando passou mal e desmaiou. Ele foi socorrido e encaminhado para o Hospital do Buenos Aires. O segurança sofreu uma lesão no crânio, não resistiu e morreu no dia 25 de abril.

Ao G1, o proprietário afirmou que não se tratava de um evento clandestino, mas o Conselho Regional de Educação Física informou que a academia não tinha registro e nem autorização para realizar as lutas.

Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte do lutador amador de boxe e a responsabilidade pelo evento que violou o decreto vigente no dia 24 de abril publicado pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que proibia a realização de qualquer tipo de evento, em ambiente aberto ou fechado. Durante esse final semana apenas atividades consideradas essenciais poderiam funcionar.

FONTE: G1 PI

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