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Peça de 24 mil anos encontrada no Piauí muda a história; fotos exclusivas!

Material foi coletado em 2016, mas o registro foi feito em março deste ano. O achado muda a forma de enxergar a ocupação humana na região.

Uma peça de 24 mil anos encontrada no Piauí, na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, município de São Raimundo Nonato, transforma a história da América do Sul. O achado, de 2016, foi registrado em publicação em março deste ano e reescreve a forma como se enxergava a ocupação do continente onde hoje está o Estado e o Brasil. Ao contrário do que se imaginava, a ocupação humana na região é anterior ao período pós-glacial.

O material coletado mostra que os homens já habitavam o Piauí durante o Último Máximo Glacial, que corresponde há um período de 26 mil anos atrás. A peça foi encontrada na região da Serra da Capivara, que é conhecida como o local com a maior concentração de sítios arqueológicos do mundo. O artefato, encontrado pela equipe da Missão Franco-Brasileira de Arqueologia no Piauí, que assemelha-se à ponta de uma machadinha de pedra, tem 21 cm por 18,5 cm de tamanho, além de 2,9 cm de espessura.

Eric Boëda mostra o material encontrado. Foto: André Pessoa.Eric Boëda mostra o material encontrado. Foto: André Pessoa.

O Parque Nacional, que fica há 406 km da capital, Teresina, ainda tem muito a ser descoberto, segundo a arqueóloga Niède Guidon.

Eric Boëda, um dos arqueólogos que liderou a pesquisa que escavou a pedra que lembra uma machadinha, reforça que o material também pode ser de arte ou religioso. “Talvez seja um objeto de uso simples ou, mais provavelmente, um objeto com uma função simbólica. Isso explicaria, ao mesmo tempo, sua singularidade entre os conjuntos de ferramentas da camada arqueológica a que pertence, e o fato de não o termos encontrado em outras camadas de outros sítios”, considera em comunicado publicado no site de uma universidade chilena.

A peça encontrada. Crédito: André Pessoa.A peça encontrada. Crédito: André Pessoa.

O artefato encontrado é do período Pleistoceno, isto é, anterior ao Holoceno, e condiz com as características do que já foi encontrado da época. No entanto, o fato de não haver desgaste indica a possibilidade do uso ritualístico ou simbólico. “Seja como for, é uma descoberta excepcional, pois tem 24.000 anos. Os dados informados para todos os períodos e regiões da América do Sul não autorizam uma comparação direta em termos de função e utilização. Os dados atuais mostram que este artefato é um dos mais antigos, senão o mais antigo, resultante de uma produção bifacial na América do Sul ”, disse o Dr. Eric Boëda.

Essa pesquisa é importante porque contraria o senso comum da ocupação americana. Além disso, coloca mais uma vez a Pedra Furada, escavação mais explorada da região, no centro da pesquisa arqueológica do mundo. O local têm o Museu do Homem Americano, que mostra a história da ocupação das américas pelos primeiros habitantes. “Quando examinamos a manufatura do Holoceno, seria possível imaginar uma pá, enxada, etc. No entanto, essas ferramentas foram geralmente fabricadas em rochas duras, de basaltos, andesitos e dacitos, resistentes a impactos ou, mais raramente, em rochas metamórficas ou sedimentares mais duras. Esses artefatos geralmente apresentam traços típicos de desgaste e impacto na peça diretamente em contato com o material a ser transformado, o que não é o caso do artefato aqui apresentado”, considerou.

Imagens exclusivas

O fotógrafo André Pessoa teve o privilégio de acompanhar as escavações e mostra em imagens inéditas cedidas ao Meio Norte a peça de 24 mil anos encontrada no Estado, além do processo de escavação liderado por Eric Boëda. O material só pôde ser divulgado após a publicação em periódicos científicos. “Durante uma década venho documentando as pesquisas dele na Serra da Capivara”, conta o fotojornalista.

FONTE: Meio Norte

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