O Piauí é o estado mais quente do Brasil, onde as ondas de calor passam mais tempo durante o ano, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essa liderança conferiu aos piauienses uma experiência diferenciada para lidar com as altas temperaturas e baixa umidade. O G1 pediu a alguns deles dicas para compartilhar com moradores de outras regiões do país, que estão menos acostumados com o calor extremo dos últimos dias.
Principais dicas:
- Não esquecer do protetor solar e sombrinha ao sair de casa
- Hidratação constante, dentro e fora de casa
- Toalhas úmidas e bacias com água espalhadas ajudam a aumentar a umidade
- Colocar soro fisiológico no nariz
- Combinar o ventilador com umidificador de ar
- Posicionar garrafa com gelo por trás dos ventiladores para refrescar o ambiente
- Fechar janelas onde há incidência de sol
Combinar ventilador e vaporizador ajuda a minimizar o calor — Foto: Ely Venâncio/EPTV
A recomendação do arqueólogo João Victor Bittencourt é beber água sempre que possível, seja dentro ou fora de casa. Ao sair de casa, ele não esquece do protetor solar e ainda leva uma sombrinha, companheira fiel do teresinense.
“Para quem pode, evitar sair em horários mais quentes. Para baixa umidade, toalhas úmidas estendidas na casa e o uso de soros fisiológicos nas narinas, que até para lavar o rosto ajuda na hidratação da pele”, disse o arqueólogo João Victor.
Bia Magalhães, vocalista da banda Bia e os Becks, conta como faz para enfrentar o calor do B.R.O-Bró em Teresina — Foto: Divulgação
A cantora Bia Magalhães, da banda Bia e os Becks, conta que ela usa diversas estratégias para aumentar a umidade do ar dentro de casa e conseguir amenizar o calor sem ter que recorrer ao ar condicionado, e assim gastar menos. Segundo a Equatorial Energia, as contas de energia costumam subir de 6% a 12% durante o período, em Teresina.
“Para quem não tem um umidificador, é interessante espalhar bacias de águas pela casa e colocar uma garrafa de água congelada por trás do ventilador para resfriar o ambiente”, sugeriu Bia Magalhães
Estado mais quente do país
O Piauí é o estado mais quente do Brasil, segundo os registros do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O climatologista Werton Costa explica que, apesar de estados como Mato Grosso e Tocantins sofrerem com picos de calor extremamente elevados, no Piauí a temperatura alta permanece durante todo o ano.
“A última atualização do cadastro de temperaturas do Inmet, atualizada a cada 30 anos, mostram que as manchas de calor permanecem estacionadas sobre o Piauí por mais meses do que nos outros estados, o que configura o Piauí como estado mais quente”, disse.
De acordo com Werton, o Piauí também apresenta os menores índices de umidade e os maiores índices radioativos e de insolação. “No mês de outubro é possível que outros estados consigam se equiparar ou ultrapassar o Piauí em relação ao calor, mas no restante do ano o Piauí é o mais quente”, destacou.
Além disso, o Piauí ainda registra altos picos de temperatura, principalmente durante o B.R.O-Bró (apelido dado ao período de meses cujo nome terminam com a sílaba BRO), quando o estado enfrenta temperaturas acima dos 40ºC.
Mal-estar associado ao calor
Com a chegada da temporada de altas temperaturas e da baixa umidade relativa do ar no Piauí, os piauienses costumam sofrer com a sensação conhecida como “disautonomia“, apelidada no estado como “passamento”: tontura, visão turva e até desmaios causados pela alta temperatura.
A autônoma Missiane Nascimento contou que sofre para conseguir cumprir compromissos durante o B.R.O-Bró. “Essa semana eu quase passei mal na fila de um banco. A gente fica ‘desfalecida’, né?”, relatou Missiane.
A professora Bruna Carvalho disse que as máscaras, que a protegem contra o coronavírus, têm feito aumentar a sensação de falta de ar. “Sinto náuseas, enjoos, calafrios e, com o uso das máscaras, acabo ficando mais sufocada e piorando minha situação”, afirmou a professora.
Segundo o cardiologista Elisiário Cardoso, pessoas de todas as idades estão suscetíveis do mal-estar causado pelo calor. “Com calor, estresse e falta de hidratação, até pessoas mais jovens podem ter desmaios e mal-estar”, disse.
“Em idosos, estudos já mostram que o calor pode aumentar a incidência de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a viscosidade do sangue”, explicou o cardiologista.