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GENTE DA NOSSA GENTE| Com raízes jaicoenses, Chambinho do Acordeon nos orgulha com sua história

Inspirado por grandes nomes, ganhou reconhecimento no mundo da música nordestina e interpretou Luiz Gonzaga no filme “Gonzaga: de Pai pra Filho”, dirigido por Breno Silveira.

Em entrevista, Nivaldo, conhecido como Chambinho do Acordeon, nos contou sobre suas raízes jaicoenses. Hoje em carreira solo, o acordeonista é um dos propagadores da cultura nordestina pelo Brasil e toca profissionalmente há mais de 20 anos. Inspirado por grandes nomes, ganhou reconhecimento no mundo da música nordestina e interpretou Luiz Gonzaga no filme “Gonzaga: de Pai pra Filho”, dirigido por Breno Silveira.

O acordeonista enfrentou muitas dificuldades, já chegou a trabalhar em metalúrgica e lava jato, mas apesar de ter descoberto tão cedo a dureza da vida, persistiu na busca dos seus maiores objetivos, para que hoje se tornasse conhecido em todo o Brasil e em alguns países.

Sou forte, sou lutador;
galo que canta em outro terreiro;
sou terra do Galo, sim senhor.

(Trecho da música “Terra do Galo”, composta por Chambinho e Ivo Farias)

Nivaldo Expedito de Carvalho, 39 anos, nasceu em São Paulo-SP, porém seus pais são naturais da Várzea Queimada, no município de Jaicós-PI. Quando tinha dois anos, ele foi com sua família morar na casa dos avós, que viviam na “Terra do Galo”.

“Passei parte da minha infância em Jaicós, onde até hoje desfruto de grandes amizades que iniciaram naquela época. A minha infância em Jaicós tem forte influência na minha carreira musical, pois foi naquele período que tive meu primeiro contato com a sanfona, através do meu avô”, relembra.

O primeiro instrumento que Nivaldo aprendeu a tocar foi o pandeiro, presente de sua mãe, a dona Maria Auxiliadora, quando ele tinha apenas 7 anos de idade. Aos poucos, ele passou a aprender a tocar o acordeon, ainda não cantava, e foi o seu amigo Isael Veloso quem o incentivou a cantar.

Os primeiros acordes da sanfona ele aprendeu com seu avô Zezinho Barbosa, na Várzea Queimada. Foi o avô quem ensinou todos os segredos do instrumento. Nivaldo aprendeu numa terra onde os sanfoneiros cantam suas vidas, suas histórias e sua tradição.

O acordeonista retornaria a São Paulo na adolescência, já levando consigo tudo o que aprendeu na “Terra do Galo” e uma sanfona. Passou algum tempo tocando em bares. Após alguns anos, tornou-se integrante da Banda Caiana, que buscava propagar a tradição nordestina pela capital paulista. Se apresentou em muitas casas de forró conhecidas e viajou por muitos lugares.

Nivaldo se tornou um sanfoneiro conhecido e requisitado, foi ainda integrante da Banda de Pífanos de Caruaru. Neste período, a banda gravou o CD “No século XXI, no Pátio do Forró” (Trama, 2002), sendo inclusive premiada no Grammy Latino.

Em 2011, ele participou de uma seleção de 5.000 candidatos para interpretar Luiz Gonzaga nos cinemas. Mesmo sem ter nenhuma experiência de atuação, passou pelas diferentes fases e conseguiu ser o escolhido. O seu diferencial era tocar muito bem o acordeon, cantar e ser um dos mais parecidos com o “Rei do Baião”.

A preparação para o papel também foi um grande desafio na sua carreira. Ele assistiu vídeos e ouviu músicas de Gonzaga. O resultado de todo o seu esforço não poderia ser diferente, Nivaldo representou com glória o grande astro da cultura nordestina.

O filme “Gonzaga: de pai pra filho” foi lançado em 2012, foi também exibido nos Estados Unidos e na Europa. O longa foi assistido nos cinemas por quase 1,5 milhão de pessoas. Em 2013, a Rede Globo exibiu o filme em forma de microssérie com 4 capítulos.

Em 2016, Chambinho participou também da novela Velho Chico, exibida em horário nobre da Rede Globo, a convite do diretor Luiz Fernando Carvalho.

“Jaicós é meu berço, representa família. Compus uma música, em parceria com Ivo Farias chamada “ Terra do Galo”, que demonstra meu sentimento por Jaicós”, conta Nivaldo.

“Terra do Galo,
Minha cidade querida,
A paixão da minha vida,
Gosto muito de você.”

(Trecho da música “Terra do Galo”, composta por Chambinho e Ivo Farias)

Quando e como você descobriu seu talento para a música?

Comecei a tocar bem novo, aos 10 anos, quando meu pai me deu uma sanfona de 80 baixos. Aos 20 anos, comecei a tocar profissionalmente, em São Paulo, com a banda Caiana, depois com os Pífanos de Caruaru e aos poucos construí minha carreira solo. Em meados de 2005-2006, primeiro show cantando foi na Várzea. Comecei a cantar e entendi que, com a sanfona nos peitos e o microfone, eu realmente havia encontrado meu caminho.

Quem você considera sua maior inspiração?

Meu avô Zezinho Barbosa, meu pai, o Luiz Gonzaga e Dominguinhos. Tenho outras grandes inspirações, mas esses 4 são os mais fortes.

Qual o sentimento de ter representado o rei do Baião no cinema?

Honra. É a palavra que melhor define meu sentimento. Quando tomei conhecimento do projeto, tive muito medo, porque entendi o tamanho da responsabilidade. Mas depois percebi que era preciso um sanfoneiro, e com a mão de Deus, fui escolhido! Muitas coisas aconteceram para eu ganhar o papel, e com certeza, Deus abençoou.

Qual seu conselho para quem tem um sonho e se depara com dificuldades?

Acreditar, lutar. As derrotas, as dificuldades e os impedimentos fazem parte do caminho do sucesso, mas quando a gente tem um objetivo, é preciso focar nele e ir até alcançá-lo. Não desistir!

Por Daniel Gomes

Bacharelando em Administração pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), funcionário público. Entusiasta de questões ambientais, participa de projetos do Núcleo de Economia Circular, Inovação e Sustentabilidade (NECIS) em Petrolina-PE.

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