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Até final do ano, 12 mil pessoas podem morrer por dia por desnutrição no mundo

O levantamento internacional feito pela ONG Oxfam alerta para este efeito colateral da pandemia de coronavírus. O Brasil, junto com a Índia e África do Sul, entra para a lista de países emergentes que podem se tornar epicentros da fome.

Piora nos números seria reflexo direto da pandemia.
Crédito: Pixabay/Domínio público

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas aponta que a quantidade de pessoas expostas à fome no mundo pode terminar 2020 com um aumento de 82% em comparação ao ano passado. Seriam 270 milhões de pessoas sem garantia de acesso à comida.

O Banco Mundial estima que, só no Brasil, mais 5 milhões e quatrocentas mil pessoas vão passar a viver em extrema pobreza até o fim desse ano. Ao todo, 7% da população brasileira vão terminar 2020 nessas condições, o que coloca o Brasil de volta ao Mapa da Fome da ONU depois de seis anos fora dele.

O relatório internacional ressalta que o governo brasileiro liberou menos da metade dos recursos disponíveis para o auxílio-emergencial até o começo desse mês. O texto também aponta que as grandes empresas tiveram acesso mais fácil à ajuda financeira do que trabalhadores e pequenos negócios.

Para o coordenador de pesquisa da Oxfam, Jefferson Nascimento, os governantes brasileiros ainda precisam apresentar novos projetos sociais para quando a pandemia passar.

As periferias dos grandes centros urbanos são apontadas pela Oxfam como as áreas mais vulneráveis à fome no Brasil. O professor de dança Rogério Sousa e a mulher dele ganhavam a vida na periferia de Brasília graças a trabalhos informais. No começo da pandemia, antes de, finalmente, conseguir o auxílio de R$ 600, ele andava pela cidade em busca de locais de distribuição de cestas básicas. O recurso federal agora ajuda, mas não paga todas as contas.

O relatório da Oxfam ainda aponta para a maior vulnerabilidade dos jovens e mulheres do mundo todo em relação às consequências da pandemia. No Brasil não é diferente. Débora Aguiar é um exemplo, na periferia de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife. As duas filhas dela estão na casa do pai das crianças. Com escolas e creches fechadas, mães das regiões mais pobres não têm com quem deixar os filhos e precisam se submeter a escolhas difíceis para continuar ganhando dinheiro em seus serviços como faxineiras ou diaristas.

O relatório elenca uma série de medidas que deveriam ser tomadas por autoridades do mundo todo para impedir o avanço da fome como consequência da pandemia. Entre elas estão o perdão de dívidas de países em desenvolvimento, maior participação de mulheres nas lideranças globais, assistência imediata às populações vulneráveis e uma maior sustentabilidade no sistema de produção de alimentos.

O levantamento ressalta que acionistas apenas das oito maiores empresas do setor de alimentação já faturaram 18 bilhões de dólares esse ano, mesmo com a crise provocada pela disseminação da Covid-19. Considerando as projeções da ONU, esse valor é dez vezes maior do que o investimento necessário para impedir o avanço da fome em consequência da pandemia.

FONTE: CBN

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