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Sem acesso à internet, alunos ficam sem poder estudar durante a pandemia da Covid-19 no Piauí

Ensino remoto de educação no Piauí não chegou para mais de 24% dos estudantes no Piauí. Professores sentem dificuldade com o modelo online e aluno estuda em barraca de palha a 500 m de casa para ter acesso à internet

Na rede estadual, que possui 656 escolas espalhadas por todo o Piauí, o conteúdo chegou a 84% dos alunos de todos os níveis de ensino. — Foto: Arquivo pessoal

Desde março deste ano, quando o ensino migrou da sala de aula para a tela de celulares, computadores e televisores, muitas escolas e professores tiveram que reinventar a forma de levar o conteúdo para os estudantes para não comprometer o ano letivo. De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que administra 656 escolas espalhadas por todo o Piauí, o conteúdo chegou a 84% dos alunos de todos os níveis de ensino, o que significa que quase 1/4 não conseguiu ter acesso ao material de forma remota.

A mãe da aluna Isabella contou que teve que sacrificar parte do orçamento de casa para comprar um aparelho celular, para que a filha tivesse acesso às aulas online da escola estadual onde estuda em Teresina.

“Ela é uma aluna muito dedicada, tive que fazer alguma coisa. É a única coisa que podemos dar para os filhos: os estudos”, declarou a mãe.

Sem acesso a tecnologia, muitos alunos ficam sem estudar

Sem acesso a tecnologia, muitos alunos ficam sem estudar

Durante a pandemia, a Seduc informou que adotou estratégias para fornecer o ensino aos estudantes. “Fazemos uso de internet, tecnologias, mas para os alunos que não possuem, a gente faz entrega de materiais impressos, distribuição de livros entregue para os pais”, contou Ellen Gera Moura, Secretário de Educação do Piauí.

1/3 da população do Piauí não possui internet em casa, diz IBGE

Em contrapartida, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou que o prejuízo da pandemia foi bem maior, com 24% dos alunos sem conseguir assistir a nenhuma aula, seja online ou por meio de materiais.

Isso porque, de acordo com IGBE, 37% dos lares piauienses não possuem internet. Ou seja, mais de 1/3 da população não possui formas de se conectar virtualmente com qualquer serviço tecnológico. Na pandemia, para alunos que moram longe dos centros urbanos, essa dificuldade fica ainda mais acentuada.

Professores sentem dificuldade com o modelo online

Joana Borba, professora em Olho D’Água do Piauí, cidade a 95 km de Teresina, também alterou sua rotina de trabalho. Assim como vários professores, a educadora teve que começar a transmitir e produzir aulas para os seus alunos pela internet. Ela falou sobre as desigualdades que diversos alunos enfrentam.

“É uma dificuldade por conta do distanciamento, tendo em vista o sinal ruim na nossa região. Percebo que diante das dificuldades, muitos estão tentando, mas nem todos estão conseguindo. Outros não têm celular ou acesso”, explicou Joana.

Aluno estuda em barraca de palha a 500 m de casa para ter acesso à internet

O estudante José Caique, de 13 anos, que faz o 7º ano do ensino fundamental, mudou o seu cantinho de estudos, que antes era um cômodo da casa, para uma barraca de palha no meio da mata, único lugar com internet acessível na zona rural de Olho D’Água do Piauí. O pai fez a “cabana” improvisada para proteger o filho do sol e do calor, já que as aulas acontecem entre 13h e 15h.

De bicicleta, antes das 13 horas, Caique pedala até o local para o local onde o sinal é bom o bastante para uma aceitar uma chamada de vídeo. — Foto: Reprodução

De bicicleta, antes das 13 horas, Caique pedala até o local para o local onde o sinal é bom o bastante para uma aceitar uma chamada de vídeo. — Foto: Reprodução

Parte da solução veio da solidariedade da tia Das Dores, que também é professora e compartilhou seu celular com José Caique. A mãe do estudante relata que depois da modalidade online, teve que encontrar uma solução para que o filho não perdesse os estudos.

“Sou mãe e educadora ao mesmo tempo, durante toda a pandemia, a gente não tinha aulas online, só pelo livro que ele fazia as tarefas”, conta a mãe, Benedita Pereira.

FONTE: G1

 

 

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