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Depressão e preconceito, aliados cruéis do suicídio

Mundialmente, o suicídio já é a segunda causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos.

As estatísticas recolhidas por instituições oficiais da Saúde, especialmente pela OMS, revelam que a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo, totalizando um universo de cerca de 800 mil mortes por ano.

No Brasil, o suicídio arrasta à morte mais de 12 mil pessoas anualmente, segundo o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, indicando que esses registros são crescentes ano a ano, e sem levarem consideração que existe uma notável subnotificação de casos, em razão do preconceito dominante entre as pessoas quanto à questão. Isso indicaria, portanto, um número mais elevado de casos.

Mundialmente, o suicídio já é a segunda causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, pesquisas indicam que a morte auto-infligida de crianças de 10 a 14 anos aumentou 65% entre os anos 2000 e 2015.

A depressão é, contudo, é uma causa importante, de grande peso na motivação do suicídio, por ser uma doença que provoca uma disfunção nos neurotransmissores do cérebro. É parte de um conjunto de fatores psicológicos, culturais, físicos e bioquímicos, segundo depõe o estudioso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC), de São Paulo, psiquiatra Daniel Martins Barros.

Além da depressão, há uma série de sintomas que, em não sendo tratados ou corrigidos, têm significativo poder de indução: o desespero, desamparo de grupo social, desesperança, desemprego, divórcio, dependência química. Os especialistas advertem que, quanto mais “Ds”, maior o risco de suicídio.

Depressão e preconceito, alidados do suicídio  (Foto: Flickr/madamepsychosis)Depressão e preconceito, alidados do suicídio  (Foto: Flickr/madamepsychosis)

Diante de tais constatações, os especialistas nos apresentam um elemento profundamente nocivo à prevalência da depressão, que é o notório preconceito existente entre as pessoas relativamente a doenças de origem mental. Geralmente, é pela existência do preconceito que as pessoas não buscam ajuda médica. Muitas vezes elas escondem a doença porque o amigo ou familiar vai interpretá-las como uma pessoa que é fraca, que, sob essa ótica absurda, deveria reagir, quando, na verdade, ela está adoecida e necessita de cuidados e assistência, quase sempre de modo imediato.

Assim, os estudiosos e especialistas concluem que o mais correto, necessário e urgente é conscientizar as pessoas de que é preciso sempre cuidar da saúde mental com o mesmo empenho que nos ensinaram a tratar o restante do corpo.

Os estudiosos dizem que num ambiente desprovido de preconceito, pessoas que se encontram em condição de vulnerabilidade, tristes, desesperadas, desamparadas, desempregadas, depressivas, sentem-se à vontade para falar de seus problemas, das suas dificuldades, dos seus desalentos e, assim, buscarem o apoio da medicina.

Vê-se claramente que o fim do preconceito diante das doenças mentais, como ansiedade e depressão, é essencial para a árdua e delicada prevenção do suicídio.

Quando, em 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria se junto, em parceria, ao Conselho Federal de Medicina para a instituição do Setembro Amarelo, tinha-se como objetivo estabelecer um marco, através de campanha de conscientização, que pudesse despertar autoridades governamentais, instituições e sociedade para a gravidade que os transtornos mentais vêm causando, progressivamente, no Brasil e no mundo.

Há, entretanto, a necessidade de que se entenda que o esforço para a prevenção ao suicídio não é algo que se faça no estrito ciclo de um mês, do Setembro Amarelo, mas que impõe vigilância em todos os momentos de nossas vidas e dos nossos relacionamentos. Há sinais que familiares, amigos, professores, esposos esposas, namorados e namoradas podem perceber, como o isolamento, o desinteresse repentino por atividades de que a pessoa gostava, irritabilidade, falta de autocuidado, busca por músicas e publicações de cunho mais tristes ou misteriosos nas redes sociais, discursos pessimistas sobre o tipo de vida que estão levando, enfim, uma série de pontos que podem ser detectados como estranhos, mas que já podem servir para um sintoma de algo mais grave.

Entre os mais jovens, esses sinais podem ser encontrados no uso potencializado de álcool e drogas e entre os mais idosos por questões relacionadas a perdas de familiares queridos, a doenças crônicas ou a grandes dificuldades financeiras.

O certo é que todos devemos estar atentos a esses alertas que são disparados a todo instante e que, por ignorância, egoísmo e desinteresse não temos olhos abertos para ver, nem ouvidos desobstruídos para escutar.

POR: José Osmando de Araújo / Meio Norte

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