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Teresina| Circula R$ 20 mil em crack diariamente na Praça Pedro II

Pessoas em situação de rua são assediadas por traficantes, os chamados "craqueiros", que cobram as dívidas durante a madrugada

De acordo com um levantamento da assistente social Betty Sousa, que faz um trabalho voluntário de distribuição de alimentos para pessoas em situação de rua de Teresina, apenas no centro da capital, sobretudo na Praça Pedro II, circula cerca de R$ 20 mil em crack todos os dias.

O dinheiro é obtido através de esmolas e furtos pelas pessoas em situação de drogadicção, que terminam a todo custo encontrando dinheiro para matar o vício. Eles também são cobrados, agredidos e mortos quando não pagam a conta.

Além de sofrerem todas as mazelas sociais possíveis, as pessoas em situação de rua são exploradas por traficantes e levadas ao extremo do sofrimento emocional do vício.

Pessoas em situação de vulnerabilidade terminam sendo exploradas. Crédito: Raíssa Morais.Pessoas em situação de vulnerabilidade terminam sendo exploradas. Crédito: Raíssa Morais.

O valor é arrecado pelos chamados “craqueiros”, que são os traficantes da chamada “pedra” de crack, uma droga psicoativa altamente viciante. Eles distribuem o entorpecente durante o dia, mas recolhem o dinheiro em horários específicos para despistar a polícia. “A minha maior preocupação são as crianças, que podem cair na prostituição. Mas o fato é que a maioria dessas pessoas está na droga”, avalia Betty.

Pessoas em situação de rua buscam recursos como dinheiro e comida no Centro de Teresina. Crédito: Raíssa Morais.Pessoas em situação de rua buscam recursos como dinheiro e comida no Centro de Teresina. Crédito: Raíssa Morais.

Para Betty, o número de moradores de rua não aumentou. A pandemia da Covid-19, no entanto, os tornaram mais visíveis. “Eles não ficam sempre nas praças. Eles estão indo agora porque precisam encontrar alimento. Muitos, na verdade a grande maioria, também tem a questão do vício. Eles saem de grotões, de debaixo de árvores ou de viadutos e vão para o Centro. Eu distribuo uma média de 200 quentinhas por semana e já vi aqueles que pegam a quentinha e vendem para um motataxista para comprar droga”, afirma.

Betty assegura que todos os dias, somente na Praça Pedro II, circula um grande montante de dinheiro. “É mais de R$ 20 mil, tenha certeza. São muitos nessa situação. Eles arrumam o dinheiro a todo custo para pagar os craqueiros. Caso contrário, aparecem mortos, como já tem sido noticiado pela mídia”, acrescenta.

Betty em ação. Crédito: divulgação.Betty em ação. Crédito: divulgação.

A assistente social defende que o crack é o maior inimigo para uma pessoa em situação de rua. “É uma droga que deixa eles violentos. É uma substância que está acabando com muitas vidas, cada vez mais”, ressalta.

Prefeitura não tem dados sobre moradores de rua

Prefeitura Municipal de Teresina não tem dados sobre a quantidade de pessoas em situação de rua. Com a não realização do Censo e a mudança de gestão, a Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi) possui apenas o levantamento do número de atendimentos dos serviços. No entanto, há um grande avanço no número de procedimentos realizados entre 2020 e 2021 junto ao público.

A prefeitura ampliou o número de atendimentos a pessoas em situação de rua. Crédito: Raíssa Morais.A prefeitura ampliou o número de atendimentos a pessoas em situação de rua. Crédito: Raíssa Morais.

Em 2020 foram realizados 175 atendimentos a pessoas em situação de rua, contra 939 atendimentos contabilizados entre os meses de janeiro a junho de 2021. “Essas pessoas não estão desassistidas. Mas a droga é um fator que realmente limita muito, pois não podemos obrigar eles a usurem os serviços. É uma população que já foi, inclusive, vacinada contra a Covid-19”, ressalta Aline Teixeira, secretária executiva do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) de Teresina.

Betty faz distribuição de alimentos. Crédito: Divulgação.Betty faz distribuição de alimentos. Crédito: Divulgação.

Teresina ampliou o atendimento a pessoas em situação de rua. “Temos uma política de assistência social integrada. Temos o banho e a alimentação no Centro Pop, além da pernoite na Casa do Caminho”, enumera.

Assim como Betty, Aline concorda que o crack é o grande vilão no processo de recuperação dessas pessoas. “Acredito que 90% das pessoas que moram nas ruas usam algum tipo de entorpecente. Mas existem aqueles que moram porque não tem alternativa, sem usar drogas”, finaliza.

FONTE: Meio Norte

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