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Detentas nomeavam plantão de policial preso suspeito de estupro e tortura no Piauí de ‘dia da ditadura’, diz delegado

Um mandado de prisão preventiva contra o policial da Penitenciária Feminina Adalberto de Moura Santos, em Picos, foi cumprido na quarta-feira (11).

Penitenciária Feminina Adalberto de Moura Santos, em Picos — Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Piauí informou que pelo menos três detentas da Penitenciária Feminina Adalberto de Moura Santos, em Picos, denunciaram o policial penal preso por suspeita de estupro e torturaSegundo o delegado Francisco Carvalho, as vítimas se referiam ao plantão do oficial como “dia da ditadura”.

Em contato com o g1, o Sindicato dos policiais Penais do Piauí (Sinpoljuspi) informou que acompanha as investigações, mas o processo corre em segredo de justiça. O sindicato informou que irá se posicionar sobre o caso em breve.

Em entrevista à TV Clube, a titular da Delegacia de Defesa dos Direitos da Mulher (Deam) de Picos, delegada Maria Robbiane Nunes, informou que os crimes são investigados desde agosto do ano passado. Em depoimento, as detentas relataram serem vítimas de violência desde 2020.

“A investigação se iniciou após uma das custodiadas sair do sistema. Ela procurou a Deam, registrou o boletim de ocorrência e noticiou ainda que haviam outras vítimas. O inquérito foi instaurado no mês de agosto do ano passado”, informou a delegada.

 

Durante a investigação, foram coletados depoimentos, fichas de acompanhamento de psicólogos do serviço de assistência social da penitenciária e imagens do circuito de segurança.

“Foram colecionadas diversas provas aos autos. A gente localizou pelo menos três vítimas de abuso sexual e outras vítimas de tortura. Algumas são vítimas tanto de abuso sexual e tortura, outras apenas de tortura. Por conta disso, algumas passaram a apresentar quadros de doenças psicológicas e a ter acompanhamento”, comentou Maria Robianne.

Abusos durante plantão

 

Os abusos, conforme a Polícia Civil, eram cometidos durante os plantões do policial penal e aconteciam dentro das instalações da penitenciária.

“A tortura era psicológica e com alguns atos de humilhação em relação às detentas. Os abusos, no caso, foram configurados como estupro, foram atos libidinosos diversos de conjunção carnal. O investigado abusava dessa posição, dessa função pra ter acesso às detentas e iniciar os abusos”, declarou a titular da Deam de Picos.

 

O que chamou atenção durante a investigação foi o fato de o policial penal retirar as presas da cela e levá-las até locais que não possuem sistema de vídeo monitoramento, a exemplo da sala da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil Secção Piauí) ou alojamento dos policiais penais”, completou o delegado Francisco Carvalho, adjunto da Delegacia de Polícia Civil de Corrente.

Ainda segundo o delegado Francisco Carvalho, foi constatado que o policial apresentava comportamentos “rígidos e exagerados” também com as demais detentas.

“Os abusos aconteciam com frequência durante os plantões desse policial e as detentas relatam que o plantão dele, inclusive, era denominado como ‘o dia da ditadura’, por ser extremamente rígido e aplicar penalidades não condizentes com os procedimentos policiais penais das penitenciárias. Ele extrapolava a legalidade”, disse o delegado.

 

Um mandado de prisão preventiva contra o policial penal, que não teve seu nome revelado, foi cumprido na quarta-feira (11). O homem negou as acusações.

“Ele foi preso ontem, quando estava de plantão na penitenciária. Não reagiu, colaborou, apesar de, claro, ficar abalado. E ele negou todas as acusações”, disse a delegada Maria Robianne.

inquérito policial sobre o caso foi concluído e encaminhado ao Poder Judiciário.

FONTE: G1 PI

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