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Em Picos, cadeirante é guiado pelo pai em trabalho como supervisor de campo do IBGE

Os desafios de locomoção não intimidam a dupla que diariamente, debaixo de sol forte, percorrem ruas centrais de Picos mapeando os setores que serão visitados durante o Censo.

Uma cena tem humanizado o cotidiano agitado nas ruas de Picos. Um pai, de 58 anos, tem guiado o seu filho cadeirante no trabalho como supervisor de campo para o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Juvenal Mendes de Moura (pai) e Francisco de Assis Santos Moura, 28 anos, (filho), naturais do Povoado Buriti Grande, zona rural de Dom Expedito Lopes, todos os dias percorrem mais de 30 km, utilizando o transporte alternativo intermunicipal para chegar ao posto de trabalho.

Os desafios de locomoção não intimidam a dupla que diariamente, debaixo de sol forte, percorrem ruas centrais de Picos mapeando os setores que serão visitados durante o Censo.

Supervisão de campo

O Cidadeverde.com/picos acompanhou por alguns minutos a dupla com o intuito de contar essa história inspiradora que tanto tem chamado a atenção.

Francisco de Assis Santos Moura está na sua primeira experiência de trabalho. O jovem que possui os movimentos motores comprometidos por uma paralisia cerebral destacou o processo para ingressar na missão de ser supervisor de campo do Censo, algo que ele descreve como desafiador e incrível.

“Nas cidades circunvizinhas não tinha vaga para Pessoa com Deficiência, a cidade mais próxima que eu encontrei com vaga disponível foi aqui em Picos. Fiz a prova e atingi uma pontuação acima do meu esperado, que não esperava, me surpreendi. Inicialmente meu laudo foi negado, dizendo que minha deficiência não era compatível com a vaga. Entrei com recurso e ele foi deferido. Hoje estou no quinto dia de trabalho de campo. Tem sido uma experiência desafiadora, estou encontrando muita dificuldade, pois Picos quase não tem acessibilidade”, explica o jovem.

Francisco de Assis Santos Moura

No seu trabalho como supervisor de campo, Francisco tem contado com um grande guia, o seu pai, que empurra sua cadeira de rodas por pelo menos 10 horas.

“Os meus coordenadores de área liberaram eu ser acompanhado por meu pai. O meu pai é um exemplo, é um exemplo, não tenho nem palavras para descrever o que ele faz por mim [chorou]. Sempre embarca em todos os meus projetos, foi assim na minha graduação de Administração e agora nesse meu trabalho. Durante estes dias, ele sacrificou o seu trabalho para estar me guiando”, ressalta o supervisor de campo.

Francisco de Assis Santos Moura destacou estar vivendo uma experiência que vai levar para sua vida, onde sua próxima meta é se tornar servidor público efetivo.

Um guia para o filho

Nessa história, outro personagem também é destaque o pai Juvenal Mendes de Moura. Emocionado, ele relatou ao Cidadeverde.com/picos como tem sido guiar o filho pelas ruas. Uma missão exaustiva que ele diz encarar com todo empenho ao ver a felicidade do filho.

“Até agora tem sido tranquilo, ver meu filho feliz é o que me basta [chorou emocionado]. Todos dias estamos vindo de van às 07h e voltamos às 17h. Aqui compramos nossa alimentação e passamos todo o dia”, disse o pai.

O trabalho de supervisão de campo é uma das etapas preliminares para construção do Censo 2022. Nesta etapa, o supervisor munido de mapa e dispositivo eletrônico visita as áreas que serão recenseadas.

O Censo Demográfico é uma longa e complexa operação estatística, quando são cobertos todos os domicílios do território nacional, das áreas urbana e rural, e todo o universo da população é recenseado.

Fonte:Cidade Verde

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